Fronteiras Invisíveis

Área: Design Editorial, Design Gráfico — 2017

  • Fronteiras Invisíveis é o relato autobiográfico de Amine Farage, jovem sírio que se vê forçado a deixar sua terra natal para encontrar refúgio em Porto Alegre. O detalhe é que se trata de uma história fictícia: Amine é, de fato, um personagem construído a partir de retalhos de experiências diversas e verídicas de refugiados reais. Exatamente nesta convergência de histórias de tantas pessoas está a provocação do livro – ao longo de suas páginas, o leitor passa, também, a reconhecer um pouco de si mesmo nas palavras de Amine.

    Este projeto foi meu trabalho de conclusão de curso submetido ao curso de Design Visual, da Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), como requisito parcial para a obtenção do título de designer. O trabalho acadêmico pode ser acessado na íntegra neste link.

  • O projeto nasceu com o intuito de retratar, através de uma perspectiva subjetiva, humana e empática, uma das principais problemáticas de nossa época: o refúgio. Assim, foi elaborado o protótipo de um livro sobre a experiência dos refugiados no Rio Grande do Sul, aliando elementos físicos, visuais e textuais de maneira a propor uma leitura que estabeleça relações em três eixos: formal-estético, funcional e reflexivo.

    Ao tomar como base, particularmente, o cenário atual do Rio Grande do Sul, tem-se como objetivo apresentar a experiência dos refugiados presentes no estado – isto é, colocar em evidência sua complexidade e multidimensionalidade como seres humanos, evitando reduzi-los a pessoas definidas apenas pela condição de refúgio – frente à sociedade gaúcha. Procura-se, dessa forma, facilitar a integração entre a comunidade local e os refugiados, estabelecendo através da experiência de leitura uma identificação por parte do público com os elementos humanos universais presentes na narrativa.

    Conforme pesquisas realizadas ao longo do desenvolvimento do projeto, um livro com tal objetivo deve proporcionar uma experiência que abarque os três níveis de design emocional (conceito definido por Donald Norman). Ou seja, deve envolver design pela aparência, relativo a formas, sensações e texturas, design para a facilidade de uso, abordando função, usabilidade, facilidade de compreensão e sensação física, e design reflexivo, referente a significados, mensagem e cultura.

    Portanto, uma grande inspiração deste projeto foi o conceito de livro-objeto, cuja capacidade de aglutinar elementos advindos de várias formas de expressão numa experiência artística atribui, através de suas características visuais, novas significações e ressimbolizações à textualidade. Este entrelace entre diferentes linguagens surge como modo de potencializar a experiência proposta pelo livro, explorando suas diversas camadas de significado por meio de uma narrativa tanto textual quanto tátil-sensorial.

    A harmonia entre o conteúdo e as características formais do livro foram assegurados por meio da definição de palavras-chave, que orientaram o projeto desde o seu início. Elas são: multidimensionalidade, conexão, sensibilidade, adaptação e reconstrução.

  • A configuração estrutural do projeto é inspirada na multidimensionalidade e tem o propósito de fazer uma separação clara entre ficção (livro principal) e realidade (luva). Tal divisão permite que o leitor tenha ciência de que a história não é verídica antes de abrir o livro principal, mas que, ainda assim, ele se permita cativar pela narrativa e imergir na experiência do refúgio.

    Livro: todo o conteúdo é uma simulação de autoria de Amine Farage, que conta a história de sua vida.

    Luva: embalagem que fornece a apresentação do livro e de sua proposta, convidando o leitor a explorar a obra.

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Julia Schwening